A historiografia contemporânea tem se empenhado em desmontar os mitos fundacionais que marcaram a narrativa sobre a Península Ibérica medieval e moderna, revelando a complexidade e os conflitos internos que caracterizaram o espaço ibérico antes da formação dos Estados-nação. Um dos mitos mais persistentes é o da Reconquista , frequentemente representada como um projeto contínuo, homogêneo e teleológico de restauração cristã do território. No entanto, estudos como os de José Álvarez Junco e Miguel Angel Ladero Quesada revelam que a chamada Reconquista foi, na verdade, um processo descontínuo, fragmentado e repleto de alianças circunstanciais entre cristãos e muçulmanos, marcado por lógicas feudais, interesses locais e disputas entre reinos cristãos — longe de um projeto unificado.