Lançar um olhar sobre o Medievo é uma aventura de desfecho imprevisível. Julgado e condenado pela Modernidade, ele ainda sobrevive no imaginário popular como a Idade das Trevas, em oposição ao período que lhe sobreveio e que dissipou, pela luz da razão, a escuridão. Período desconhecido, remete, perante o senso comum, à introspecção, ao afastamento e ao misterioso. O Medievo, entretanto, está muito distante das imagens que, lamentavelmente vinculadas a ele, mantêm a soberba pretensão de defini-lo. Um olhar mais detido nesse período revela uma riqueza incontrolável e, eventualmente, semelhanças incômodas com nosso tempo. A singularidade e a identidade do Medievo surpreendem não apenas pela sua pujança, mas especialmente pelos incontáveis pontos de contato com nossa realidade ou ainda pelos desdobramentos determinantes para nossa realidade. São justamente as rupturas e continuidades entre o medieval e o moderno que ensejaram a concepção desta obra.