Na novela que dá título à obra, a delicadeza e fragilidade da protagonista se transforma em instrumento de manipulação, expondo com ironia a hipocrisia das convenções sociais. Em "O homem que olha para dentro", penetramos no universo interior masculino, marcado por angústias, obsessões e vaidade. "O Laço Azul" apresenta uma trama de engano e duplicidade, em que um homem se apaixona por duas irmãs gêmeas. Por fim, "O Dedo do Velho", uma novela com elementos sobrenaturais, narra a história de um homem assombrado por uma mão misteriosa que o guia em uma busca perturbadora.
Nesta edição da Janela Amarela Editora, baseada na publicação original de 1922, o texto teve a ortografia atualizada e conta com notas explicativas para termos e expressões fora de uso.
Julia Lopes de Almeida (1862-1934) nasceu no Rio de Janeiro e morou em Campinas (SP) da infância até a juventude, onde, com o incentivo da família, publicou sua primeira crônica, aos 19 anos, na Gazeta de Campinas. Sua produção literária é ampla, composta de crônicas, contos, peças teatrais, novelas e romances.
Julia era defensora da educação feminina, do divórcio e da abolição do regime escravocrata, temas presentes em suas obras.
Em 1887 casou-se com o poeta português Francisco Filinto de Almeida e tiveram seis filhos: Afonso (jornalista, poeta e diplomata), Adriano e Valentina (ambos falecidos na infância), Albano (desenhista e pintor), Margarida (escultora e declamadora) e Lucia (pianista).
Embora tenha sido uma das idealizadoras da Academia Brasileira de Letras, Julia não foi aceita entre seus membros pois o regimento da época só permitia homens. Mas foi reconhecida pela Academia Carioca de Letras que a homenageou com a cadeira 26, sendo a única mulher entre os 40 patronos.