O que parecia ser uma estrela cadente, uma linha flamejante perpassando Maybury, no Reino Unido, era na verdade uma invasão extraterrestre. Um amontoado de máquinas trípedes – comandadas por marcianos – passou a marchar sobre os arredores de Londres, exterminando humanos a seu bel-prazer mediante raios de calor e liberação de substâncias venenosas. Espalharam pânico, terror e consolidaram a Guerra.
Esse é o ponto de partida de A guerra dos mundos, publicada originalmente em 1897 no periódico britânico Pearson’s Magazine e considerada por especialistas a obra fundamental da ficção científica. O livro em questão serviu como base para múltiplas adaptações para teatro, rádio, televisão e cinema e, apesar de ter sido uma das primeiras obras do autor enquanto romancista, já deixa evidente seu talento singular.
Dono de uma originalidade marcante em seu estilo, H. G. Wells consolidou ao longo de sua carreira literária um imaginário que se provou altamente fértil, tornando-se conhecido por seu dinamismo, vigor e exuberância. A guerra dos mundos também ficou famosa como crítica feita de forma voraz ao avanço assombroso do imperialismo europeu – e à subsequente erradicação de espécies animais e populações indígenas nativas das colônias britânicas. Além disso, pode ser considerada uma metáfora acerca da seleção natural e do darwinismo social, demonstrando o conhecimento do autor nos mais variados campos do saber.
Curiosidades sobre H. G. Wells:
· Além de romancista, exerceu ao longo da vida funções de jornalista, sociólogo, historiador e professor de ciências;
· Chegou a ser considerado uma espécie de “vidente”, com base em seus relatos astronômicos em A guerra dos Mundos e The first men in the moon, além de sua abordagem ao uso de tecnologia aérea pelas milícias em The war in the air. A engenhosidade com que “previu” certos desdobramentos tecnológicos e históricos também se reflete nos aspectos de sua escrita que abordam o progresso social, uma das bandeiras por ele defendidas.